sábado, 30 de janeiro de 2010

2. A ORAÇÃO: SUJEITO E PREDICADO

Como vimos na postagem anterior, A FLEXÃO DE CASO, o latim exprime a função sintática por meio da flexão de caso. Cada caso representa um conjunto de noções ou de relações semânticas associadas a características morfológicas; tais características encontram-se no fim da palavra e recebem o nome de desinências. As mudanças de forma que a palavra sofre são exatamente o que denominamos “flexão”.

Em latim há seis casos: Nominativo, Genitivo, Acusativo, Dativo, Ablativo e Vocativo. Mas, antes de abordar cada caso, vamos recordar o conceito de oração.

ORAÇÃO

Palavra: vocábulo e termo
Na linguagem verbal as idéias são expressas através de palavras. Podemos distinguir duas realidades na palavra: 1. a palavra enquanto representação material, ou seja o som ou sua aparência gráfica, e a isso chamaremos de vocábulo; 2. a palavra enquanto índice da idéia que encerra, ao que chamaremos termo. Dito de outra forma, a palavra apresenta dois aspectos: um externo, onde podemos observar, por exemplo, o número de sílabas, a acentuação tônica, a ortografia etc. e outro interno, a saber, o conteúdo, a idéia, o sentido que exprime.

Um pensamento ou uma idéia completa pode ser expresso em sua forma mais simples por uma única palavra. O pensamento se formula em bloco, por assim dizer, como no caso das interjeições e exclamações: Ai!, Orra, meu!, Pô, cara!!!... Mais para frente voltaremos a esse assunto.



A frase ou locução
Mas é comum que usemos reuniões de palavras (termos) para expressar pensamentos ou idéias mais complexas. Assim, se digo “o livro de Pedro”, “os olhos de cigana de Capitu” ou “as margens plácidas do Ipiranga”, estou reunindo palavras para expressar idéias; a essa reunião ou agrupamento de termos denominamos locução ou frase. Mas, perceba que ao dizer “o livro de Pedro” ou “as margens plácidas do Ipiranga” estou exprimindo idéias sem, contudo, afirmar ou negar alguma coisa a respeito delas.

A oração
Quando uma frase encerra uma declaração, ou seja, afirma ou nega algo de alguém ou alguma coisa, temos então uma oração. Por ex.: “O livro de Pedro é grande”; a respeito do “livro de Pedro” declaro ser grande; há algo a respeito de que eu faço uma declaração, o livro de Pedro e há algo que eu declaro, que é grande. Outro exemplo: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante”. Afirmo, a respeito das “margens plácidas do Ipiranga” que elas “ouviram o brado retumbante de um povo heróico”; tenho novamente os dois elementos: algo a respeito do qual faço uma declaração, As margens plácidas do Ipiranga, e aquilo que eu declaro a respeito, ou seja, que ouviram de um povo heróico o brado retumbante.



Os dois principais elementos da oração: O sujeito e o predicado
Embora um pensamento possa ser expresso por uma única palavra, ou por uma locução, o mais comum é que se expresse por meio de uma oração, a saber, uma frase que encerra uma declaração a respeito de alguém ou de algo, e que apresenta, na maior parte dos casos, dois elementos: 1. o ser de que se declara algo, o SUJEITO, e aquilo que se declara a sobre o sujeito, o PREDICADO.

Como você pode ver pelos exemplos dados, tanto o sujeito como o predicado podem ser constituídos de uma só palavra, ou de muitas, ou até mesmo por uma ou várias orações. Isso será objeto de importante aprofundamento do nosso estudo quando estudarmos os processos sintáticos denominados expansão, determinação e aposição.

Mas, mesmo que o sujeito seja formado por mais de uma palavra, existe sempre uma única palavra que é como que o seu núcleo. Por exemplo, se digo “A galinha do vizinho bota ovo amarelinho”, o sujeito é “a galinha do vizinho”; mas o núcleo desse sujeito é “galinha”, a palavra essencial. Uma certa nomenclatura gramatical dirá que “a galinha do vizinho” é o sujeito lógico da oração, enquanto “galinha” constitui o sujeito gramatical. Outra forma de abordar esse assunto é chamar “a galinha do vizinho” de sintagma do sujeito, e “galinha” de núcleo do sujeito. Mas são apenas duas maneiras de dizer a mesma coisa.

Como o sujeito é a pessoa ou coisa sobre a qual se faz uma declaração fica claro que deve ser constituído por um substantivo, ou por qualquer palavra, frase ou oração que tenha força de substantivo.

Da mesma forma, o predicado, mesmo que possa ser representado por mais de uma palavra, apresenta sempre uma que é seu núcleo. E o núcleo do predicado é sempre um verbo, palavra que serve para exprimir uma ação, um processo ou atribuir um estado. Dessa maneira, no nosso exemplo anterior, “a galinha do vizinho bota ovo amarelinho”, temos o predicado “bota ovo amarelinho”, centrado sobre o núcleo “bota”; claro que caberia a pergunta “bota o quê”, mas isso nos conduz a um tema que será abordado mas para frente.

Assim, o núcleo central dessa oração se concentra sobre os dois termos “galinha – bota”: afirmamos a respeito da “galinha” (sujeito) que ela “bota”.